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Lagoa volta a ‘secar’ em Ribeirão Preto

Publicada em: 22/07/2022 11:37 - NOTÍCIAS GERAIS

Ribeirão Preto está há 116 dias sem chuva. A última vez que um volume considerável de água caiu na cidade foi em 28 de março. Por causa da es­tiagem, a temperatura avan­çou e a umidade relativa do ar despencou. Além de afe­tar a saúde, principalmente de crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios, a seca aumenta os riscos de ocorrência de incêndios em matas e terrenos.

Previsão
De acordo com o Clima­tempo, na quarta-feira, 20 de julho, a umidade relativa do ar em Ribeirão Preto oscilou entre 24% e 57%, com os ter­mômetros marcando entre 15 graus Celsius e 30ºC. O clima seco prevaleceu nesta quin­ta-feira (21), com a umidade entre 23% e 56% e as tempera­turas variando de 15ºC a 30ºC, sem possibilidade de chuva.

O cenário não muda nesta sexta-feira (22), com a umida­de oscilando entre 19% e 52% e a temperatura variando entre mínima de 14 graus e máxima de 31ºC, sem possibilidade de chuva. No sábado (23), a umi­dade fica entre 18% e 46% e os termômetros marcando de 14ºC a 32ºC. O cenário para domingo (24) é praticamente o mesmo, com umidade entre 17% e 42% e temperatura osci­lando entre 15ºC e 32ºC.

OMS
A taxa de umidade relati­va do ar ideal é de 60%, se­gundo a Organização Mun­dial da Saúde (OMS). Abaixo de 30% o município entra em estado de atenção e quando o índice é inferior a 20% a situação é de alerta. Abaixo de 12% já é considerado um caso de emergência.

Incêndios
A falta de chuvas, comum neste período do ano, au­menta os riscos de ocorrên­cia de incêndios em matas e terrenos. O fogo em áreas de vegetação urbana pode cau­sar danos graves na flora, fau­na e degradar o solo. Podem também causar interrupção no transporte público, na dis­tribuição de energia elétrica e nas redes de comunicação.

Na grande maioria das vezes, as queimadas urbanas são resultado de ações huma­nas irregulares. A fiscaliza­ção, segundo o coordenador da Defesa Civil de Ribeirão Preto, Tiago Caldeira, ocorre por meio de denúncias pelos telefones 193, do Corpo de Bombeiros, ou 199, da De­fesa Civil, além de patrulha­mentos constantes da Guarda Civil Metropolitana.

Caldeira explica que a GCM realiza o patrulhamen­to preventivo pelas matas do município e nas áreas rurais. “É importante a população se atentar às condições climáticas nesse período de tempo seco e colaborar com as autorida­des, não jogar bituca de ci­garro nas margens das rodo­vias e vegetação, não fazendo descarte irregular de lixo e acionar os departamentos competentes quando presen­ciar tais atos para um atendi­mento rápido e eficiente”.

Restrições
No período de estiagem, a umidade do ar fica muito bai­xa, principalmente no período da tarde, deixando o tempo mais seco. Por este motivo, é importante aumentar o con­sumo de água durante o dia, principalmente por crianças e idosos, já que a hidratação é fundamental para a saúde. Sempre que possível, também é recomendável utilizar soro e colírio na lubrificação das vias aéreas para diminuição do in­cômodo respiratório, além de evitar a prática de atividades físicas entre onze e 17 horas.

Lagoa do Saibro está seca de novo
A Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, área de recarga do Aquífero Guarani, praticamente secou com a estiagem que atinge a região. A abundância de água agora está restrita a uma poça gran­de. Não é a primeira vez que isso acontece. O reservatório subterrâneo de água tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Manancial
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população de 720.116 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segun­do estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo. A mesma pesquisa concluiu que atualmente a queda chega a dois metros a cada ano, o dobro do registrado em 2012.

Segundo o pesquisador, os resultados colocam o aquífero entre aqueles não considerados renováveis. “O consenso mundial para você considerar o aquífero como renovável é quando o tempo de re­novação da água é inferior a 500 anos. Em Ribeirão Preto, o período estimado de seis mil anos coloca o Aquífero Guarani na categoria de não renovável”, diz.

Outra lagoa
Em frente à Lagoa do Saibro há outro reservatório de água, em uma área de retenção particular, perto da encosta de um morro. Essa lagoa não secou com a estiagem. Segundo moradores da região, isso ocorre porque o local acumula, durante o período de chuvas, a água pluvial que desce do morro.

Pardo
Em outubro do ano passado, a prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do antigo Departamento de Água e Esgotos (Daerp), confirmou que pretende elaborar projeto básico e estudos ambientais para aprovei­tamento da água do Rio Pardo no abastecimento público da cidade.

O valor total previsto para a elaboração de estudos e do projeto é de R$ 3.118.368,93, dos quais R$ 2.962.450,48 serão financiados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional – via recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – e os R$ 155.918,45 restantes serão contrapartida da atual Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp).

Em 2013, no segundo mandato de Dárcy Vera, por meio de um ante­projeto elaborado pela prefeitura, o Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a par­tir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.

No “Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água”, a Agência Na­cional de Águas (ANA) aponta que Ribeirão Preto e outras 73 sedes municipais necessitam de novos mananciais, considerando a insu­ficiência de disponibilidade hídrica superficial ou subterrânea para o atendimento da demanda no longo prazo.


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