Ribeirão Preto está há 116 dias sem chuva. A última vez que um volume considerável de água caiu na cidade foi em 28 de março. Por causa da estiagem, a temperatura avançou e a umidade relativa do ar despencou. Além de afetar a saúde, principalmente de crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios, a seca aumenta os riscos de ocorrência de incêndios em matas e terrenos.
Previsão
De acordo com o Climatempo, na quarta-feira, 20 de julho, a umidade relativa do ar em Ribeirão Preto oscilou entre 24% e 57%, com os termômetros marcando entre 15 graus Celsius e 30ºC. O clima seco prevaleceu nesta quinta-feira (21), com a umidade entre 23% e 56% e as temperaturas variando de 15ºC a 30ºC, sem possibilidade de chuva.
O cenário não muda nesta sexta-feira (22), com a umidade oscilando entre 19% e 52% e a temperatura variando entre mínima de 14 graus e máxima de 31ºC, sem possibilidade de chuva. No sábado (23), a umidade fica entre 18% e 46% e os termômetros marcando de 14ºC a 32ºC. O cenário para domingo (24) é praticamente o mesmo, com umidade entre 17% e 42% e temperatura oscilando entre 15ºC e 32ºC.
OMS
A taxa de umidade relativa do ar ideal é de 60%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Abaixo de 30% o município entra em estado de atenção e quando o índice é inferior a 20% a situação é de alerta. Abaixo de 12% já é considerado um caso de emergência.
Incêndios
A falta de chuvas, comum neste período do ano, aumenta os riscos de ocorrência de incêndios em matas e terrenos. O fogo em áreas de vegetação urbana pode causar danos graves na flora, fauna e degradar o solo. Podem também causar interrupção no transporte público, na distribuição de energia elétrica e nas redes de comunicação.
Na grande maioria das vezes, as queimadas urbanas são resultado de ações humanas irregulares. A fiscalização, segundo o coordenador da Defesa Civil de Ribeirão Preto, Tiago Caldeira, ocorre por meio de denúncias pelos telefones 193, do Corpo de Bombeiros, ou 199, da Defesa Civil, além de patrulhamentos constantes da Guarda Civil Metropolitana.
Caldeira explica que a GCM realiza o patrulhamento preventivo pelas matas do município e nas áreas rurais. “É importante a população se atentar às condições climáticas nesse período de tempo seco e colaborar com as autoridades, não jogar bituca de cigarro nas margens das rodovias e vegetação, não fazendo descarte irregular de lixo e acionar os departamentos competentes quando presenciar tais atos para um atendimento rápido e eficiente”.
Restrições
No período de estiagem, a umidade do ar fica muito baixa, principalmente no período da tarde, deixando o tempo mais seco. Por este motivo, é importante aumentar o consumo de água durante o dia, principalmente por crianças e idosos, já que a hidratação é fundamental para a saúde. Sempre que possível, também é recomendável utilizar soro e colírio na lubrificação das vias aéreas para diminuição do incômodo respiratório, além de evitar a prática de atividades físicas entre onze e 17 horas.
Lagoa do Saibro está seca de novo
A Lagoa do Saibro, na Zona Leste de Ribeirão Preto, área de recarga do Aquífero Guarani, praticamente secou com a estiagem que atinge a região. A abundância de água agora está restrita a uma poça grande. Não é a primeira vez que isso acontece. O reservatório subterrâneo de água tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Manancial
Em Ribeirão Preto, cidade que mais usa o manancial – todo o abastecimento da população de 720.116 habitantes é feito via poços artesianos –, o nível do aquífero caiu 120 metros em 71 anos, segundo estudos feitos pelo geólogo Júlio Perroni, da Universidade de São Paulo. A mesma pesquisa concluiu que atualmente a queda chega a dois metros a cada ano, o dobro do registrado em 2012.
Segundo o pesquisador, os resultados colocam o aquífero entre aqueles não considerados renováveis. “O consenso mundial para você considerar o aquífero como renovável é quando o tempo de renovação da água é inferior a 500 anos. Em Ribeirão Preto, o período estimado de seis mil anos coloca o Aquífero Guarani na categoria de não renovável”, diz.
Outra lagoa
Em frente à Lagoa do Saibro há outro reservatório de água, em uma área de retenção particular, perto da encosta de um morro. Essa lagoa não secou com a estiagem. Segundo moradores da região, isso ocorre porque o local acumula, durante o período de chuvas, a água pluvial que desce do morro.
Pardo
Em outubro do ano passado, a prefeitura de Ribeirão Preto, por meio do antigo Departamento de Água e Esgotos (Daerp), confirmou que pretende elaborar projeto básico e estudos ambientais para aproveitamento da água do Rio Pardo no abastecimento público da cidade.
O valor total previsto para a elaboração de estudos e do projeto é de R$ 3.118.368,93, dos quais R$ 2.962.450,48 serão financiados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional – via recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – e os R$ 155.918,45 restantes serão contrapartida da atual Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp).
Em 2013, no segundo mandato de Dárcy Vera, por meio de um anteprojeto elaborado pela prefeitura, o Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão chegou a cogitar a captação de água do Rio Pardo a partir de 2015. O custo total da obra estava orçado em R$ 630 milhões, depois caiu para R$ 530 milhões.
No “Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água”, a Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que Ribeirão Preto e outras 73 sedes municipais necessitam de novos mananciais, considerando a insuficiência de disponibilidade hídrica superficial ou subterrânea para o atendimento da demanda no longo prazo.
