A Medida Provisória nº 890, de 2019, que institui o Programa
Médicos pelo Brasil em substituição ao Programa Mais Médicos, tem sido
acompanhada de perto pela Federação Catarinense de Municípios (FECAM) e gera
grande expectativas entre os gestores municipais. Na última quarta-feira (9),
uma reunião foi realizada em Brasília com o Ministério da Saúde (MS), a pedido
da FECAM. O prefeito de Botuverá, José Luiz Colombi, representou a Federação,
junto com comitiva de prefeitos e secretários municipais do Estado e foi
recebido pelo diretor de programas do MS, Lucas Wollmann.
A proposta apresentada pelo Governo Federal busca
redistribuir nacionalmente as 18 mil vagas do programa Mais Médicos, sendo
cerca de 13 mil vagas em municípios de difícil provimento. Também justificam
que a nova proposta pretende formar médicos especialistas em Medicina de
Família e Comunidade.
O novo programa, segundo justificativa do MS, apresenta
ganho de vagas para Santa Catarina. Pela proposta em tramitação no Congresso
Nacional, o Estado passará das atuais 571 vagas existentes para um total de 719
vagas. A vigília e monitoramento catarinense promovido pela FECAM tem objetivo
de garantir que o processo legislativo e de regulamentação assegure as vagas
para SC. Nos últimos meses, a FECAM liderou intensa mobilização estadual e
nacional reivindicando critérios que reservem o programa no Estado.
Segundo as explicações do Ministério, na nova proposta, os
médicos devem ser contratados pelo sistema de Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). A modalidade apresenta quatro níveis salariais, com progressão a cada
três anos de participação no programa, além de gratificação por desempenho
vinculada ao alcance de indicadores de qualidade de atendimento e satisfação
das pessoas atendidas. A carga horária deve ser de 40 horas, e não haverá
contrapartida dos municípios, porém os mesmos ficarão responsáveis por
qualificar estes profissionais. O edital com as primeiras vagas deve ser
publicado em outubro. Uma das propostas que envolve o programa e que ainda está
em fase de votação é também a realização do Revalida, que deve ocorrer duas
vezes no ano.
De acordo com o presidente do Conselho de Secretarias
Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems), Alexandre Fagundes, o programa
Médicos Pelo Brasil integra a nova política de Atenção Básica como um programa
de provimento e que precisa de algumas definições de como deve ser formatado.
“Nós temos as vagas disponíveis, mas não temos a confirmação de que
conseguiremos os profissionais, já que o programa de provimento, tanto do Mais
Médicos como do Médicos Pelo Brasil, encontra dificuldades no preenchimento das
vagas”, explica Fagundes.
A implantação do programa no Estado é uma bandeira
fortemente defendida pela FECAM. Neste ano, a Federação apresentou estudo com
impacto de mais de R$ 120 milhões/ano de custos aos municípios catarinenses,
caso o programa Mais Médicos fosse extinto e a nova proposta não implantada. De
acordo com o prefeito de Botuverá, município localizado no Vale do Itajaí, com
pouco mais de cinco mil habitantes, a maior dificuldade encontrada por eles é
justamente a contratação de profissionais e a permanência deles em municípios
menores. “Pouco mais de 10% do total de médicos que são contratados em todo o
país escolhem ficar em cidades menores, isso acaba nos prejudicando.
Acreditamos que o novo formato de contratação deva facilitar essa permanência”,
afirma Colombi.
As discussões em torno do tema já renderam diversas
audiências no Congresso. A expectativa é de que os municípios possam contratar
o programa já no próximo ano. O diretor executivo da FECAM, Rui Braun, salienta
que a entidade atua para viabilizar aos municípios catarinenses condições
estruturais de atendimento nos serviços de atenção básica da saúde. “Milhares
de pessoas dependem da presença de médicos nos municípios para garantir
atendimento em saúde. Nossa tarefa é assegurar que o Programa Médicos pelo
Brasil garanta as condições de atender nossa população”, conclui Braun.
